quarta-feira, 9 de setembro de 2009

ASPECTOS ERGONÔMICOS QUE CAUSAM ESTRESSE NO AMBIENTE DE TRABALHO DE CONSERVAÇÃO RODOVIÁRIA - Parte 1 Estresse

ESTRESSE
O Estresse, ou Síndrome da Adaptação Geral, é a resposta fisiológica, psicológica e comportamental de um indivíduo que procura se adaptar e se ajustar às pressões internas e/ou externas do seu dia-a-dia.
Quando o indivíduo reage às mudanças, adaptando-se de forma positiva à pressão, está sob efeito do bom estresse, ou eustress. Porém, se as mudanças forem de ordem muito intensa ou demasiadamente prolongadas, podem causar o mau estresse, ou distress, ao ultrapassarem os limites de suportabilidade, levando o organismo a adoecer.
É um processo, e não uma reação única, pois a partir do momento que uma pessoa é submetida a uma fonte de estresse, um longo processo bioquímico se instala, identificando-se três fases distintas:
• A Reação de Alarme é primeira fase do processo, ocorre imediatamente quando o indivíduo se depara com o agente estressor. O organismo entra em alerta de defesa e se prepara para o que Cannon designou, em 1930, como “fuga ou para a luta”, fundamental para a preservação da integridade. A produtividade aumenta e, se a pessoa souber administrar o estresse, a tensão pode ser usada a seu favor, pela motivação, entusiasmo e energia que produz. Em situações de curta duração, rapidamente é reencontrado o equilíbrio, pendendo para patologia se a reação do organismo for excessiva ou desnecessária.
• A Resistência se instala quando a exposição do indivíduo ao agente agressor excede ao período da Reação de Alarme. Nesta fase o organismo utiliza toda sua energia adaptativa em prol do reequilíbrio. Quando consegue, os sintomas iniciais desaparecem e a pessoa tem a impressão de que está melhor. Um sintoma psicológico frequente é a sensação de desgaste sem causa, além de dificuldades com a memória. No nível fisiológico, as supra-renais diminuem a produção de adrenalina e produzem mais corticosteróides. O processo encerra neste estágio se o agente estressor for eliminado ou se o indivíduo utilizar técnicas de controle para se reequilibrar.
• O último estágio, Esgotamento ou Exaustão, ocorre se o indivíduo for incapaz de se reequilibrar diante da pressão do agente estressor, ou se vários agentes estressores atuarem juntos. As doenças ocorrem com mais freqüência, tanto na área psicológica (depressão, ansiedade, impossibilidade de tomar decisões, vontade de fugir de tudo, etc) quanto na área física (hipertensão arterial, úlceras gástricas, retração de gengivas, psoríase, vitiligo, diabete, etc), podendo correr até a morte. O estresse não é o agente patogênico, mas enfraquece o organismo de tal maneira que essas doenças programadas geneticamente, se manifestam devido à exaustão.
Os principais sinais físicos de que o estresse está fora de controle, ou se aproxima do desequilíbrio são: aumento da freqüência cardíaca, palidez, tensão muscular, alterações digestivas, alteração do sono e da função sexual.

As evidências psicológicas se traduzem por: mau humor, tendência para o autoritarismo, sensação de perseguição, introspecção e isolamento, queda da eficiência, irritabilidade, desmotivação, queda da capacidade e de concentração e organização, depressão, sensação de incompetência e aumento do consumo de cigarro, álcool ou drogas.

1.1 ESTRESSE OCUPACIONAL
O estresse acarreta anualmente US$ 26 bilhões de gastos em despesas médicas e pagamentos por incapacitação e US$ 95 bilhões em perda de produtividade. Mais de 50% de dias improdutivos de trabalho são devido ao estresse, que impede cerca de 1 milhão de pessoas a comparecer ao trabalho todo dia. Os gastos com a saúde do trabalhador é aproximadamente 50% maior para aqueles que sofrem com altos níveis de estresse. 40% das demissões são devidas ao mal.
Estresse ocupacional é a condição mental e física que afeta a produtividade, a eficácia, a saúde pessoal e a qualidade do trabalho. Refere-se às situações em que o trabalhador percebe seu ambiente de trabalho como ameaçador para suas necessidades de realização pessoal e profissional e/ou a sua saúde física ou mental, prejudicando sua interação com o trabalho e com o ambiente de trabalho na medida em que este ambiente contém demandas excessivas ou o trabalhador não está preparado, o suficiente, para enfrentá-las.
As causas mais comuns do estresse são: insegurança no trabalho, competição exacerbada, sensação de insuficiência profissional, falta de perspectiva de crescimento, monotonia, tarefas repetitivas ou desinteressantes, frustrações, desavenças, conflitos, liderança autoritária, execução de tarefas sobre pressão, desconhecimento do processo de avaliação de desempenho e de promoção, carência de autoridade e orientação, excesso de trabalho, tarefas realizadas em condições inadequadas e interferência do trabalho na vida particular do trabalhador.
Pode ser identificado com sinais emitidos pelo indivíduo, pelo grupo de trabalho e pela organização como um todo:
(1) indivíduos: queda da eficiência, ausências repetidas, insegurança nas decisões, protelação na tomada de decisão, sobrecarga voluntária de trabalho, uso abusivo de medicamentos, irritabilidade constante, explosão emocional fácil, grande nível de tensão, sentimentos de frustração e/ou desconfiança, onipotência, eclosão ou agravamento de doenças e alcoolismo;
(2) grupos: competição não saudável, politicagem, comportamento hostil com os colegas, comentários maldosos, pouca contribuição ao trabalho, trabalho isolado dos membros, não-compartilhamento de problemas comuns, alto nível de insegurança, grande dependência do líder, aumento das condutas de risco;
(3) organização: greves, atrasos constantes nos prazos, ociosidade/sabotagem e absenteísmo, redução da produtividade e na qualidade do trabalho, alta rotatividade de funcionários, altas taxas de doenças, baixo nível de esforço, vínculos empobrecidos, relacionamento entre os funcionários caracterizados por: rivalidade, desconfiança, desrespeito e desqualificação.
Em si o estresse ocupacional não é reconhecido como Doença Ocupacional ou do Trabalho pela OMS, mas possui relação direta de causa e efeito com aquelas que mais provocam absenteísmo: cardiovasculares, hipertensão, afecções músculo esqueléticas, úlcera péptica, doenças inflamatórias intestinais, desordens da coluna, ombro e pescoço, absenteísmo, cefaléia, problemas gástricos, desordens do sono, irritabilidade, perda de concentração, L.E.R/D.O.R.T, baixa resistência imunológica, exaustão física, falta de atenção e deficiência de concentração.
Por se tratar de uma reação do organismo, é causa, o alerta dado de que algo não vai bem. Por outro lado, o doente se torna uma pessoa estressada pelos problemas que encontra e o estresse, então, passa a ser efeito da doença.

1.2 COMO REDUZIR O ESTRESSE
Imaginar uma empresa onde não há fatores estressantes é utopia.
Então, o que fazer? Abaixo algumas dicas que podem ser adotadas para melhorar a qualidade de vida e reduzir o estresse no trabalho, lembrando que a consulta médica é inevitável quando o estresse se instala de modo prejudicial e, em hipótese alguma, é aconselhável a automedicação:
1 - Fazer um planejamento das atividades realizadas diariamente, dando prioridade às ações consideradas mais urgentes. Se existe uma data para a entrega de um relatório, por exemplo, preparar o material com dois dias de antecedência. Isso permitirá que seja feita uma revisão, possíveis alterações e evitará cobrança.
2 - Caso algum colega esteja com complicações para concluir um trabalho, se possível ofereça ajuda. Suas atividades podem estar diretamente
relacionadas às responsabilidades do profissional que senta ao lado.
3 – No computador escolher um fundo de tela que transmita sentimentos bons. Assim que ligar o micro, aparecerá uma paisagem, um sorriso de uma criança ou até uma ilustração que gera um breve sorriso.
4 - Há pessoas que melhoram a produtividade ao escutarem música. Faça uma seleção de seu repertório preferido e use os fones de ouvido para escutar
melodias que o relaxem.
5 - Sua mesa também merece atenção. Claro que a presença de determinados objetos e documentos é fundamental para o exercício das suas atividades. No entanto, não custa dar um toque pessoal e colocar um porta-retrato, um acessório de escritório, algo que expresse sua personalidade.
6 - Na hora do almoço, procure uma companhia agradável. Uma boa conversa com um colega sempre relaxa a mente.
7 - Caso você se sinta muito tenso e não consiga realizar uma determinada atividade, dê uma “paradinha estratégica” de pouco minutos e tome um cafezinho ou mesmo uma água para refrescar os neurônios. Outra dica
interessante é sair um pouco do ambiente fechado para respirar fundo. Abrir
a janela da sala e olhar para o mundo “lá fora”, pode até ajudá-lo a ter uma
boa idéia.
9 - Quando a musculatura começar a reclamar, levante-se da cadeira por uns 5 minutos e faça alguns exercícios laborais. Aprenda a relaxar com técnicas como meditação, relaxamento muscular e/ou respiratório, como as seguintes: respire profunda e lentamente, inspirando somente pelo nariz, segurando o ar por 5 a 7 segundos, e soltando o ar o mais lentamente que conseguir pela boca; repetir por 3 vezes. Contraia os músculos do corpo, mantendo-os contraídos por 5 segundos e solte-os abruptamente; repetir por mais 3 vezes.
10 - Se a organização em que você trabalha possui ações voltadas para a
melhoria da qualidade de vida no trabalho, aproveite cada oportunidade. Não
deixe de passear ou, então, participar de algum campeonato com seus colegas.
Nesses eventos, a descontração contagia a todos.
11 - Discuta suas preocupações com um amigo e tente enxergar suas dúvidas de outra perspectiva.
12 - Saia de férias, não sucumba à tentação de vendê-la ou deixá-la para o próximo ano.
13 - Seja realista e aprenda a priorizar seus compromissos.
14 - Diminua o nível de exigência consigo e com os outros. Isso pode facilitar o manejo de situações que trazem ansiedade.

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