domingo, 27 de setembro de 2009

L.E.R.

Lesão por Esforço Repetitivo
Segundo a Organização Mundial da Saúde, de cada 100 trabalhadores do Estado de São Paulo, um apresenta algum sintoma relacionado a esse mal. E o pior é que o problema costuma se manifestar no auge da carreira profissional, entre 30 e 40 anos.

1. O que é LER?
A LER - ou lesão por esforço repetitivo - não é uma doença em si. É a classificação de um conjunto de males provocados pela atividade que a pessoa executa durante o trabalho. Esses problemas afetam o chamado sistema muscular-esquelético, que engloba os membros superiores, os inferiores, a coluna cervical e a lombar. Adotada no país em 1987 com uma portaria do INSS, a expressão levanta polêmica. "Ela contém equívocos conceituais", observa Mogar Dreon Gomes, ortopedista da Santa Casa de São Paulo.
O principal erro estaria no fato de apontar uma única causa ou seja, o trabalho, esquecendo-se de que o distúrbio também pode estar relacionado à má postura ou ao excesso de movimentos. Entre as doenças classificadas como LER estão a tendinite, que é a inflamação dos tendões, a cervicalgia e a epicondilite - respectivamente, dor no pescoço e no cotovelo.

2. Quais os sintomas característicos da LER?
Cansaço, diminuição da força física, dor ao efetuar certos movimentos e até sensação de formigamento. Esses são avisos que o organismo dá indicando que a musculatura está sobrecarregada pela atividade do dia-a-dia. Em geral os sintomas têm a ver com problemas nos braços e no pescoço.
Mas, dependendo do trabalho exercido pelo indivíduo, pernas e outras partes do corpo acabam afetadas. "Em tese, a LER é capaz de prejudicar qualquer ponto do sistema muscular-esquelético", diz a ortopedista Miriam Romano, do Centro de Dor do Hospital das Clínicas de São Paulo.

3. O que fazer se a LER já se tornou crônica?
Cerca de 90% dos casos, se detectados logo, obtêm melhora após três meses de tratamento. Ele combina exercícios fisioterápicos, remédios e reeducação postural. Se os sintomas persistirem após o dobro desse tempo, a lesão é classificada como crônica. "A pessoa deve então ser atendida por uma equipe que inclua terapeutas ocupacionais e psicólogos", aconselha o ortopedista Mogar Dreon Gomes. "Isso porque a incidência de problemas psicológicos decorrentes da situação é muito alta, superior a 50% nos quadros graves."

4. O que acontece quando a LER não é tratada?
A tendência é os sintomas se agravarem, tornando-se até insuportáveis. Segundo Luiz Bernardo Leonelli, do Instituto Nacional de Prevenção das LERs, o trabalhador pode perder a força muscular e a coordenação motora, o que determina seu afastamento do trabalho.
Nesses casos continuará recebendo o salário. Os primeiros 15 dias serão pagos pela empresa e os restantes pelo INSS. Ele pode ainda pedir indenização pelos danos físicos causados. Em qualquer situação precisa ficar comprovado que se trata de uma doença ocupacional.

5. Que cuidados uma pessoa que digita oito horas por dia deve tomar?
O ideal é que não passe mais de cinco horas diárias digitando. "Deve haver um revezamento", diz Miriam Romano, do HC paulistano. Como em muitas empresas isso não é possível, são recomendadas pausas a cada 50 minutos para alongamentos (veja ao lado). Eles também são indicados para quem já tem LER ou quem ocupa funções capazes de forçar demais os membros, como dentistas e operadores de máquinas. "O indivíduo não pode ultrapassar seu limite", alerta o fisioterapeuta Heráclito Fernando Gurgel Barbosa, do Centro Disciplinar da Dor do Rio de Janeiro.

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