sexta-feira, 25 de setembro de 2009

EXPLOSÃO DE LOJA NO ABC MATA 2 E DEIXA 12 FERIDOS. POLÍCIA PROCURA O DONO. 100 PESSOAS FICAM FORA DE CASA

A loja que explodiu no início da tarde desta quinta-feira (24) em Santo André (região do ABC, na Grande São Paulo), matando duas pessoas e ferindo 12, estava sem permissão para vender fogos de artifício. O alvará de comercialização do estabelecimento foi cassado no último dia 14 de setembro, segundo a Prefeitura de Santo André, porque a loja não apresentou um documento exigido para a renovação do alvará: o laudo de vistoria do Corpo de Bombeiros.
Levantou-se também a suspeita de que no local fosse feita clandestinamente a fabricação de fogos de artifício. O proprietário da loja foi identificado pela prefeitura como Sandro Luiz Castellani. Segundo a Polícia Civil, Sandro foi preso em flagrante em 2002 por posse ilegal de explosivos, mas o caso foi arquivado pela Justiça.
Duas pessoas morreram e 12 pessoas ficaram feridas no acidente - destas apenas duas ainda estavam em observação no Centro Hospitalar de Santo André até a noite desta quinta. Um dos mortos na tragédia era primo de Sandro.
Três casas foram destruídas e outras 30 construções, entre casas e estabelecimentos comerciais, foram esvaziadas e isoladas. Destroços da explosão se espalharam por uma extensão de cerca de 150 metros. Cem pessoas estão fora de casa e foram cadastradas pela Defesa Civil do município. Segundo o órgão, todas preferiram abrigar-se na casa de parentes.
"A loja tinha o alvará desde 1996 para vender artigos de época no varejo como pipas, bolas, papel, mas não para fogos de artifício", afirmou o secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Frederico Murano Filho.
Segundo o secretário, o pedido de autorização para venda de fogos foi feito no dia 7 de maio de 2009, mas no meio do período de avaliação, o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) da loja venceu, em junho de 2009. "Sem esse auto de vistoria nós não podemos conceder a licença para a venda de fogos, portanto se ele estava vendendo esse tipo de produto estava irregular."
O secretário, entretanto, não confirma desde quando o bazar funcionaria de forma irregular. Isso porque o proprietário, conforme a lei, pode requerer sazonalmente a permissão para vender esse tipo de produto. "Ele já pode ter tido permissão para vender, mas na nossa gestão [a partir de 2009] ele não teve", disse.

O acidente
A loja de fogos de artifício explodiu por volta das 12h30 na rua Américo Guazelli, altura do número 200, no bairro Silveiras, e atingiu diversas casas vizinhas.
De acordo com o comandante Luiz Humberto Navarro, do Corpo de Bombeiros de São Paulo, os corpos das duas pessoas que morreram no acidente foram encontrados na parte da frente da loja. Eles chegaram ao Instituto Médico Legal (IML) de Santo André por volta das 17 horas e já foram identificados.
As buscas no local foram encerradas pelos bombeiros por volta das 20h30, cerca de oito horas após a explosão.
A causa do acidente ainda não é conhecida, segundo os bombeiros. "É uma terra arrasada", afirmou Luiz Humberto Navarro, comandante do Corpo de Bombeiros de São Paulo.
O trabalho dos bombeiros foi feito por escavadeiras e manualmente. Cerca de 80 bombeiros participaram do resgate durante a tarde, além de 70 guardas municipais, 35 funcionários da Defesa Civil, 20 agentes de trânsito e 12 ambulâncias do Samu. Três cães farejadores da equipe de resgate de São Paulo também estiveram no local em busca de outros corpos.
Todas as ruas ao redor foram interditadas para tráfego de veículos e a circulação de pessoas foi restringida. A área foi cercada com fitas de isolamento. Os bombeiros liberaram apenas a entrada de moradores para pegar seus pertences. Escavadeiras retiram do local carcaças de automóveis e caminhões recolhem os entulhos. Centenas de curiosos acompanharam à distância o trabalho dos bombeiros.
"Há comentários de pessoas que viram o proprietário [da loja] fora da explosão. A polícia está apurando e colocando esforços na localização deles", afirmou Mauro Lopes, porta-voz do Corpo de Bombeiros.

Casas evacuadas
A Defesa Civil informa ainda que nesta sexta-feira (25) avaliará a situação dos imóveis afetados pela explosão.
"Quem está nas zonas quente e morna, que é como nós classificamos o entorno da explosão, não vão voltar para casa hoje", completou o tenente Marcos Palumbo, do Corpo de Bombeiros.

Depoimentos
Relatos de testemunhas dizem que a vibração da explosão foi sentida em bairros vizinhos. Uma funcionária da fábrica de embalagens Pirâmide, que fica no número 55 da mesma rua, contou ao UOL Notícias que estava almoçando em um restaurante a cerca de 1 quilômetro da loja no momento da explosão e mesmo assim sentiu os tremores. "Foi horrível, todo mundo entrou em pânico e pensou que tinha caído um avião", lembrou. (Veja os depoimentos)
Um dos feridos seria o dono da mecânica vizinha à loja, conhecido como Wagner. Segundo o dono da empresa de filtros Gradial, Almedir Botelho, que fica em frente à fábrica de fogos, o mecânico estava sozinho no momento da explosão e foi para o hospital apenas com ferimentos leves.
O empresário contou que o carro que é visto no local da explosão estava em um elevador dentro da mecânica e foi arremessado. Segundo ele, as casas da região foram destelhadas e os vidros do salão de beleza próximo à fábrica estouraram.

http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2009/09/24/ult5772u5462.jhtm

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