Infelizmente o modo de vida que denominamos moderno fez e faz com que boa parte das coisas que nós humanos fazemos acabem sendo realizadas quase sempre dentro do modo automático. Isso, entre outras coisas – quer dizer que boa parte do que fazemos acaba sendo sem pensar e sentir. Talvez seja esta uma das razões de um mundo a nossa volta onde cada vez exista mais euforia e menos alegria e com certeza menos felicidade.
Há muito tempo a grande maioria de nós deixou de viver as coisas para simplesmente cumpri-las; Isso pode de certa forma parecer que facilita a vida – mas isso com certeza inibe a vida e nos faz mais coisas do que pessoas. Hoje mais vivemos o Natal comercial do que o Natal místico; Permitimos que a Páscoa deixe de ser um momento de reflexão para adoçar as nossas almas e aceitamos que seja não mas do que um dia para adoçar as nossas bocas. Parece que simplificamos tudo quando na verdade perdemos quase todo o sentido das coisas.
Há um mundo lá fora cheio de problemas e nunca em qualquer outro tempo da história humana tivemos em mãos tantas possibilidades para soluções – nunca o saber foi tão grande – mas falta-nos o sentir, falta-nos aquele que nos liga verdadeiramente uns aos outros que hoje dá nome a muitas coisas menos a aquilo que de fato significa verdadeiramente – ou seja – o amor. E quando me refiro ao amor não estou falando da coisa bonita e sem vida que vemos massificada nos comerciais de TV quase que diluída entre as possibilidades de tudo que alguns e nos podemos comprar. Quando me refiro ao amor, não falo apenas de um casal correndo de roupas brancas em uma praia deserta – falo sim da mais ampla forma de energia que já se criou – da força que durante toda a história fez tremer os mais poderosos que norteia e baseia tudo o que há de mais e forte ainda no seio da humanidade.
E porque dizer tudo isso quando lá em cima citamos que hoje é o Dia do Profissional de Segurança no Trabalho ? Porque não dizer das festas, dos coquetéis, das centenas de discursos que serão feitos e ouvidos por toda parte, do riso sem compromisso e do tapa nas tocas ou mesmo das emocionantes cerimônias que ocorrerão aqui e ali que com certeza não terão nem de longe as mesma emoção de um mãe que enterra um filho morto precocemente porque faltou um cinto de segurança, de um pai que dá adeus a todos os sonhos porque a filha ficou presa em meio a uma máquina ou de uma esposa que guardará para sempre a imagem de uma porta de ônibus que se abriu e de dentro dele não desceu seu ser amado.
É preciso dizer tudo isso para que o número máximo de pessoas acorde e notem que o matar no trabalho e algo tão ou mais cruel como toda esta violência que vemos a nossa volta e que parece nos indignar. È preciso que as pessoas liguem o mundo do trabalho a realidade como um todo e deixem de achar que qualquer coisa que seja justifica uma vida só que seja perdida.. É preciso trazer para dentro das organizações não só as pessoas mas também seus direitos e o respeito por elas, sejam elas letradas ou não, tenham elas antes do nome um titulo ou apenas um nome dado um dia por um pai e uma mãe com todo orgulho e alegria que a vida simples tem.
Que neste dia nós que somos os especialistas no assunto demos graça pela possibilidade de estar em profissões que dignificam a vida e que obviamente em um mundo onde a vida a cada dia que passa tem mais valor em outdoor e menos valor na prática – tenhamos também a grandeza da paciência com todos aqueles que ainda entendem que tem o direito sobre as vidas dos demais. Que tenhamos consciência que muito mais do que ensinar a prevenção talvez seja preciso ainda ensinar o respeito e a solidariedade – e que assim muitas vezes não será suficiente saber e dominar a técnica mas será preciso ir mais longe para que a vida seja respeitada.
Neste 27 de novembro sejamos felizes pela possibilidade de estar entre aqueles que crêem na vida e o fazem não apenas da boca para fora mas muitas vezes do barro para dentro e em outras sendo motivo de chacota ou desprezo – não esquecendo nunca que aquilo que nos guia é muito maior do que qualquer sentimento pequeno de ambição e poder.
Antes de qualquer coisa somos humanos e a vida começa antes de qualquer outra coisa. E se trabalhamos e para mantê-la não para que o trabalho por si e apenas seja a vida. Se hoje temos títulos, se quando nos reconhecem associam o nome da organização na qual atuamos ao nosso nome – tudo isso tem sua importância – no entanto jamais deixemos que isso seja mas importante do que a vida em si.. Por isso antes de qualquer coisa, antes de se permitir a ilusão temporária da importância (a vaidade) jamais devemos esquecer que acima de tudo pertencemos a HUMANIDADE S/A e que antes do nome mesmo que mentalmente devemos inserir sempre o H de humano para que não percamos a essência.
Que esta data não seja mais uma coisa automática em nossas vidas – antes que seja a oportunidade para refletirmos o quanto temo de fato colaborado para um mundo mais justo e melhor naquilo que está aos nossos olhos e alcance, para aqueles que batem em nossas portas. Não devemos pensar em ser heróis – nos basta e ao mundo também – apenas que sejamos um pouco mais humanos.
Parabéns a todos aqueles que acreditam em um mundo melhor: E felicitações para aqueles que crendo fazem de fato alguma coisa para que isso aconteça.
E para aqueles que ainda pensam na importância dos seus objetivos e necessidades em detrimento da vida, deixo aqui um questionamento que tem mais de 2 mil anos:
“De que vale o homem ganhar o mundo,se vier a perder sua alma?”
Paz e bem,
Cosmo Palasio de Moraes Junior
Feliz por ser prevencionista
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