domingo, 16 de dezembro de 2012

LESÕES POR ESFORÇOS REPETITIVOS / DISTÚRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO (LER/DORT): A MAIS NOVA EPIDEMIA NA SAÚDE PÚBLICA BRASILEIRA


Etiologia
Quando um indivíduo apresenta uma lesão ocasionada por sobrecarga biomecânica ocupacional, os fatores etiológicos estão associados à organização do trabalho envolvendo principalmente equipamentos, ferramentas, acessórios e mobiliários inadequados; descaso com o posicionamento, técnicas incorretas para realização de tarefas, posturas indevidas, excesso de força empregada para execução de tarefas, sobrecarga biomecânica dinâmica; uso de instrumentos com excessos de vibração, temperatura, ventilação e umidade inapropriadas no ambiente de trabalho (MOREIRA E CARVALHO,2001).
Sabe-se então que um ambiente de trabalho organizado, com pessoas bem treinadas e condicionadas com respeito aos fatores ergonômicos e aos limites biomecânicos certamente diminuem o risco de desencadeamento das chamadas LER/DORT (MOREIRA e CARVALHO, 2001)
  
Distúrbios mais freqüentes
Alguns dos principais distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho citados por Couto (1998) são: tendinite e tenossinovite dos músculos dos antebraços, miosite dos músculos lumbricais e fasciíte da mão, tendinite do músculo bíceps, tendinite do músculo supra-espinhoso, inflamação do músculo pronador redondo com compressão do nervo mediano, cisto gangliônico no punho, tendinite De Quervain, compressão do nervo ulnar, síndrome do túnel do carpo, compressão do nervo radial, síndrome do desfiladeriro torácico, epicondilite medial e lateral, bursite de cotovelo e ombro, síndrome da tensão cervical e lombalgia.
  
Fatores de Risco
Para identificar e abordar as causas de LER/DORT é necessário considerar vários aspectos do ambiente de trabalho. Os fatores psicossociais, incluindo o estresse na situação de trabalho e o clima organizacional da empresa podem influenciar a eficácia das medidas preventivas. Os principais fatores de risco são: organização do trabalho, riscos psicossociais, riscos ambientais, fatores biomecânicos e fatores extra-trabalho (ZILLI, 2002).

Avaliação Clínica
O paciente portador de LER/DORT deve ter os locais onde há dor examinados como também ser submetidos ao exame físico global do sistema múculoesquelético, pois afecções músculoesqueléticas cervicais e lombares podem ser causas ou fatores agravantes da dor. Os sintomas e os padrões clínicos que expressam a LER/DORT são variados, freqüentemente vagos e muitas vezes inespecíficos, pois várias estruturas músculoesqueléticas e nervosas podem estar comprometidas isolada ou associadamente (CODO e ALMEIDA, 1998).
  
Tratamento e prevenção
O insucesso dos programas de terapêutica da LER/DORT deve-se a falha no diagnóstico das reais etiologias da dor, da incapacidade e dos fatores que contribuem ou agravam o quadro doloroso, sendo assim, a identificação das estruturas lesadas é importante para o melhor resultado no tratamento (CODO e ALMEIDA, 1998).
  O tratamento depende sempre de um diagnóstico correto, da eliminação completa dos agentes causais e de uma adequada estratégia terapêutica medicamentosa, fisioterápica e, em alguns casos, cirúrgica (MOREIRA e CARVALHO, 2001).
  O tratamento fisioterápico consiste em: termoterapia (calor profundo como ondas curtas ou ultra-som), eletroterapia, massagens, cinesioterapia, hidroterapia, órteses, RPG e outras técnicas. O fisioterapeuta deve levar em consideração tanto o estágio evolutivo da doença, como as respostas do paciente a tratamentos anteriores (PEROSSI, 2001). 
  Apesar da abordagem terapêutica ampla, muitos pacientes permanecem sintomáticos, particularmente aqueles com diagnóstico de depressão, que estão insatisfeitos com seu trabalho, que acreditam ter adquirido “lesões” através das atividades desse trabalho e que estão envolvidos em alguma causa trabalhista.
  O fisioterapeuta deve, no tratamento, ensiná-lo a relaxar, ir direcionando-o a tomar consciência de seu corpo. Orientá-lo a “escutar” os sintomas que lhe dizem o limite de seu corpo e a postura errada. Partindo dessa tese o paciente consegue melhorar seu desempenho pessoal, minimizar tensões musculares, tirar a atenção da dor e principalmente perceber suas limitações (PEROSSI, 2001).
  A implementação de medidas preventivas é a melhor atitude a ser empregada, existe uma necessidade de melhorar a educação dos trabalhadores com condutas de orientação recomendações e de comunicações das experiências dos profissionais de saúde. É essencial que os trabalhadores tenham um bom ambiente de trabalho, com aperfeiçoamento técnico para realização de suas tarefas com respeito aos fatores ergonômicos e antropométricos, aos limites biomecânicos, à duração das jornadas e dos intervalos de trabalho, e com atitudes de reconhecimento de seus cargos superiores (MOREIRA e CARVALHO, 2001).

Anderson V. Cattelan , Carini Severo e Giovana Pezzini

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