quarta-feira, 9 de setembro de 2009

ASPECTOS ERGONÔMICOS CAUSAM ESTRESSE NO AMBIENTE DE TRABALHO DE CONSERVAÇÃO RODOVIÁRIA - Parte 6 Estresse na Rodovia

A conservação rodoviária apresenta grande incidência de condições adversas, trabalho árduo, carga excessiva, esforço demasiado, posturas e ferramentas inadequadas, equipamentos e maquinários pesados – o que, aliás, a classifica dentro da construção pesada – que geram alto grau de sofrimento aos operários.
Como terceirizada, a empresa recebe ordens, metas, prazos a cumprir e não possui independência para definir sua jornada e organização de trabalho. Com exceção da equipe de lavagem de placas, as outras não têm conhecimento do que exatamente farão durante o dia, pois as tarefas são passadas pela contratante à medida que a necessidade aparece. Existe uma relação de tarefas pré-definidas como atividades de conservação e, entre elas, quaisquer podem ser solicitadas durante o dia e a contratada é obrigada a cumprir conforme exigido, a não ser que representem risco grave e iminente aos colaboradores. Por um lado, tal falta de rotina nas tarefas ajuda a não tornar o trabalho massante e repetitivo, mas por outro, pode ser estressante não saber o que esperar do dia de trabalho e ter de mudar abruptamente de tarefas, até várias vezes durante a mesma jornada.
Se não bastasse a incógnita do dia de trabalho, a contratante não paga por horas extras executadas, de modo que há grande pressão para cumprimento das tarefas dentro do horário pré-estabelecido de trabalho, pois o pagamento de adicionais é prejuízo à empresa.
As tarefas exigem posturas agressivas, que desafiam a ergonomia, e ações citadas por SMALLWOOD como não ergonômicas: flexão, trabalho em posições agachada, alcance de posições longe do corpo e acima da cabeça, carregamento de materiais e equipamentos pesados, uso de força física, exposição a vibrações e ruídos, além de subidas e descidas.
Em especial o trabalho do Homem Bandeira é extremamente cansativo, especialmente quando realizado sob o sol quente, pela postura em pé e movimentação constante dos braços, por isso exige a troca constante de função.
A vibração provocada por equipamentos pesados, como o rompedor e compactador, pode ocasionar patologias nos membros superiores dos operadores. “Entre as doenças osteoarticulares, a tendinopatia do supra espinhal é muito comum, apesar de a bursite ser um achado na população e não ter nexo causal com a atividade exercida”, acrescenta Felipe Kfouri, médico do trabalho, diretor de Medicina e Segurança do Trabalho da Associação dos Locadores de Equipamentos da Construção Civil e consultor médico do Sindicado das empresas Locadoras de Equipamentos e Máquinas de Terraplanagem do Estado de São Paulo. O especialista cita ainda o surgimento de doenças como as lombociatalgias, geradas por má postura ou por esforços.
O assento dos bancos de motorista e cabine de transporte de trabalhadores nem sempre fornece o conforto ideal, apesar do cuidado e atenção para a segurança e bem estar do colaborador, ainda mais pela grande diversidade física encontrada nas equipes, o que é favorável a um, pode se tornar fator negativo a outro.
São igualmente significativas as exigências cognitivas e mentais das tarefas, que se apresentam na forma de necessidade de lembrança permanente de atitudes que devem ser tomadas para que as atividades transcorram dentro da normalidade e com atenção aos riscos, como armazenar e transportar corretamente os materiais, de modo a preservar a sua qualidade e a segurança dos trabalhadores; cuidados para que o peso carregado não exceda as capacidades individuais, ocasionando a fadiga e o desgaste fisiológico; constante risco de acidentes, especialmente atropelamento; pressão constante para cumprimento de prazos e metas.
As condições ambientais do posto de trabalho variam muito conforme a localização e características das tarefas, exigindo adaptação frequente do organismo às variações de temperatura, iluminação e nível de pressão sonora.
A iluminação durante o dia é natural e, por isto, varia conforme a localização do ambiente e o horário da tarefa, sendo o ponto do meio dia o horário de iluminação culminante. Para o trabalho noturno as equipes contam com a iluminação existente às margens da rodovia, sem condições de influenciar na claridade para aumentar ou diminuir.
O nível de pressão sonora é alto, decorrente da soma de diversas fontes de ruído - movimentação rodoviária, equipamentos em ação e serviços adjacentes ao local – e se alterna constantemente, inexistindo um padrão de ruído durante a jornada.
Pelo trabalho ser ao ar livre, é comum variação térmica, muitas vezes passando do sol forte e calor insuportável a chuva e frio. Ressalta-se que a temperatura elevada é duplamente desgastante, haja vista que a atividade demanda um gasto energético muito grande e o pavimento, naturalmente, possui uma temperatura alta.
A movimentação de ar (ventos), quando muito forte, é prejudicial, pois levanta a poeira existente no ambiente de trabalho.

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