sexta-feira, 2 de outubro de 2009

COMO SELECIONAR UM EPI

Uma vez estabelecida a necessidade de EPIs, a próxima tarefa é selecionar o tipo adequado.
Dois critérios devem ser determinados:
• o grau de proteção exigido e
• a adequação do equipamento à situação (incluindo a praticidade do uso e da sua
manutenção).
O grau de proteção e o design dos EPIs devem ser integrados, pois ambos afetam a sua
eficiência, usabilidade e aceitação em geral.
Algumas orientações para a escolha:
a) Adequação do EPI ao risco
Não há atalhos no processo de escolha de EPIs. Escolha o EPI correto para cada risco. Em alguns casos, a mesma tarefa é executada durante todo o ciclo de trabalho, o que facilita a escolha do EPI adequado. Em outros, os trabalhadores podem estar expostos a dois ou mais riscos diferentes. Um soldador pode exigir proteção contra gases de solda, faíscas de luz, metais fundidos e lascas que se desprendem. Em tais circunstâncias, é necessário o uso de múltipla proteção, como um capacete de solda, óculos e a máscara adequada, ou uma máscara de solda com duto de ar.
b) Aconselhamento
Devem-se tomar decisões com base em uma avaliação completa do risco, na aceitação do
trabalhador e nos tipos de EPI disponíveis. Uma vez determinadas as necessidades de EPI, é hora de ir às compras. Discuta suas necessidades básicas com vendedores experientes e peça recomendações. Sempre peça alternativas e verifique se há reclamações sobre o produto, além de dados sobre testes. Experimente o EPI e teste-o, para checar se o produto atende aos seus critérios, antes de aprová-lo.
c) Envolvimento dos trabalhadores nas avaliações
É extremamente importante ter o trabalhador envolvido na seleção de modelos específicos. Essa assistência na seleção pode ser obtida pela introdução de modelos aprovados no local de trabalho para testes, durante os quais os trabalhadores terão a oportunidade de avaliar vários modelos. Desse modo, muitas informações em relação a tamanho, conforto e aceitação do trabalhador serão obtidas. Ao escolher o EPI, os trabalhadores devem selecionar entre dois ou três modelos, segundo preferências pessoais. Os EPIs são individuais.
d) Conforto físico do EPI (ergonomia)
Se um EPI é desnecessariamente pesado ou não se ajusta bem, é muito provável que não
seja utilizado. Outros fatores para o não uso são também o fato de o EPI não ser atraente ou ser desconfortável, ou ainda se os trabalhadores não puderem escolher o que vão utilizar. Quando diversos tipos de EPI têm de ser usados em conjunto, deve-se levar em consideração a interação entre eles. Utilize sempre toda oportunidade para oferecer flexibilidade na escolha de um EPI, contanto que ele atenda aos padrões exigidos.
e) Avaliação de custo
O custo de um EPI é sempre uma preocupação. Alguns programas de segurança usam
máscaras descartáveis, pois elas parecem ser mais baratos. No entanto, quando se avalia o uso no decorrer do tempo, é possível que um máscara mais substancial com dois cartuchos seja mais econômico. Controles de engenharia podem ainda acabar sendo uma solução de melhor custo-benefício de longo prazo e devem ser levados em consideração antes da escolha por EPIs.
f) Revisão de padrões
As exigências de desempenho de todos os padrões devem ser analisadas, a fim de garantir que a exposição à lesão seja minimizada ou eliminada pelo uso de EPIs. Se um EPI for exposto a riscos maiores que aqueles para os quais foi criado, ele não fornecerá a proteção adequada. No Canadá, existem vários padrões, e o mais recente deve ser utilizado como orientação no processo de escolha. Dois dos padrões mais comuns incluem a Associação Canadense de Padrões (CSA - Canadian Standards Association) e o Bureau de Normalização de Quebec (BNQ). Por exemplo, o Padrão Z94.3-92 da CSA, "Industrial Eye and Face Protectors" [“Protetores Oculares e Faciais Industriais”], descreve os tipos de protetores oculares recomendados para riscos específicos de trabalho. Ele classifica a proteção ocular de acordo com o risco e permite que uma ampla variedade de EPIs no mercado seja classificada em várias categorias. Um estudo da pesquisa da fábrica e dessas categorias ajuda na escolha do protetor ocular adequado para cada risco.
g) Verificação do ajuste
Depois de feita a escolha, o componente “ajuste” deve entrar em ação. A chave é que os EPIs sejam ajustados para cada trabalhador, individualmente. No momento do ajuste, deve-se mostrar a cada trabalhador como usar e manter apropriadamente o EPI.
Programas de ajuste individual devem ser realizados por pessoal qualificado. Por exemplo, para a proteção ocular, a pessoa qualificada poderia ser um oftalmologista ou um representante da fábrica, ou ainda um membro da equipe que recebeu treinamento, como um técnico em enfermagem. Quando óculos de segurança estão posicionados na metade do nariz, a proteção contra o risco de partículas fica reduzida. Algumas vezes, perde-se totalmente a proteção. O grau calculado de proteção não será atingido na prática, a menos que o EPI seja utilizado adequadamente, durante todo o tempo de exposição do trabalhador ao risco.
h) Manutenção e inspeção regulares
Sem a devida manutenção, a efetividade de um EPI não pode ser garantida. A manutenção
deve incluir inspeção, cuidado, limpeza, reparo e armazenamento adequado.
Certamente, a parte mais importante da manutenção é a necessidade de inspeção contínua do EPI. Se cuidadosamente realizadas, as inspeções identificarão EPIs danificados ou com mal funcionamento, antes que seja utilizado. Deve-se descartar EPIs que não estejam desempenhando a proteção de acordo com as especificações do fabricante, tais como óculos de segurança com lentes riscadas, que perderam sua habilidade de resistência a impactos. Devem-se definir procedimentos para substituir peças de EPIs danificados e para mantê-los limpos. Equipamentos de proteção respiratória exigem um elaborado programa de reparo, limpeza, armazenamento e testes periódicos. O uso de EPIs com defeito ou com baixo padrão de manutenção pode ser mais perigoso que o não uso de qualquer forma de proteção. Dessa maneira, os trabalhadores pensam que estão protegidos quando, na realidade, não estão.
i) Treinamento
Nenhum programa pode ser completo sem o devido treinamento, para garantir o uso
correto de um EPI. O treinamento deve mostrar como usar o EPI, como ajustá-lo para obter a proteção máxima e como se deve cuidar dele. O treinamento pode ser conduzido individualmente ou em grupo. Ele deve enfatizar os principais objetivos do programa e reforçar o fato de que os controles de engenharia foram considerados como a estratégia primária de prevenção. Não basta dizer a alguém para usar um máscara, simplesmente porque a gerência ou a legislação assim o determinou. Se o objetivo do máscara é evitar doenças pulmonares, os trabalhadores devem ser informados sobre os riscos. Os trabalhadores e seus supervisores devem exigir treinamento sobre quando, onde, por que e como usar o equipamento, a fim de obter o nível necessário de proteção. Os trabalhadores a serem treinados devem ser aqueles que estão expostos ao risco regularmente, assim como outros, cuja exposição pode ser ocasional. Por exemplo, em emergências ou quando um trabalho temporário é executado em áreas perigosas. As necessidades e metodologias de treinamento para todos esses trabalhadores são essencialmente as mesmas.
j) Apoio de todos os departamentos
Uma vez que o programa esteja em andamento, há uma contínua necessidade de
envolvimento da gerência, das equipes médica e de segurança, dos supervisores, da
comissão de saúde e segurança, dos trabalhadores e até mesmo dos fornecedores dos EPIs escolhidos. Devem-se conduzir programas educacionais regularmente. A razão mais comum de falha de um programa de segurança é a inabilidade para superar as objeções de uso dos EPIs. Cada problema deve ser resolvido individualmente.
k) Auditoria do programa
Assim como em qualquer programa ou procedimento implementado em uma empresa, a
efetividade de um programa de segurança deve ser monitorada pela inspeção dos
equipamentos e pelos procedimentos de auditoria.
Auditorias anuais são comuns, mas pode ser útil reavaliar áreas críticas mais
freqüentemente. Seria útil comparar os registros atuais de produção e desempenho de segurança com os anteriores ao início do programa. Essa comparação ajuda a determinar o sucesso ou falha de um programa. Sem esse monitoramento detalhado, recomendações em relação a mudanças no programa ou a sua retenção podem ser insustentáveis.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom e bem objetivo....