domingo, 8 de novembro de 2009

INALAÇÃO DE AR CONTAMINADO

O ar contaminado no ambiente de trabalho pode ser inalado. O ar é inspirado através da boca e nariz e então conduzido aos pulmões. Em média, uma pessoa inala e expira aproximadamente 12 vezes por minuto. Cada uma das inalações traz aproximadamente 50 ml de ar, correspondendo a 6 litros de ar por minuto, juntamente com quaisquer contaminantes que o ar possua..
As pessoas envolvidas em trabalhos físicos pesados respiram de maneira mais forte e inspiram mais de 6 litros por minuto. Em uma jornada de trabalho de 8 horas, mais de 2.800 litros de ar serão inspirados e expirados dos pulmões. Em condições de trabalho físico pesado, até 10.000 litros podem ser trocados. O ar inspirado pelo nariz é filtrado por meio dos pêlos nasais, de maneira que partículas sólidas e grandes, presentes na atmosfera, sejam impedidas de avançar. Dentro do nariz, existem pequenos ossos e cartilagens que fazem com que o ar inspirado gire. Este ar pode fazer com que as partículas contaminadas grandes sejam depositadas no nariz e aprisionadas pela umidade do revestimento mucoso.
O ar proveniente do nariz e da boca alcança a parte posterior da garganta e entra em uma área conhecida como faringe. A faringe, que é a entrada das vias aéreas, se divide em dois tubos, um denominado esôfago, que conduz a alimentação para o estômago, e um denominado traquéia, que conduz diretamente aos pulmões. Uma vez dentro dos pulmões, cada brônquio começa a se ramificar. Os tubos que partem dos brônquios se afinam à medida que se ramificam, de maneira muito similar aos galhos de árvores. Eventualmente, os canais mais finos, que são denominados bronquíolos, terminam em sacos aéreos de paredes finas. Cada um desses sacos é denominado alvéolo e existem milhares deles em cada pulmão. As paredes dos alvéolos são muito finas e são amplamente alimentadas por pequenas veias (vasos capilares). O dióxido de carbono, eliminado pelo organismo e conduzido no sangue presente nas veias, pode passar das veias pelas paredes dos alvéolos para se tornar parte do ar que é exalado.
O oxigênio na inspiração cruza as paredes dos alvéolos para entrar no sangue dos vasos capilares. Uma vez o oxigênio seja aderido ao sangue presente nas veias, ele é então distribuído por todo o corpo. Vapores, gases e névoas de substâncias químicas que alcancem os alvéolos nos pulmões podem também passar ao sangue e serem distribuídos pelo corpo.
Algumas vezes, a concentração de substâncias químicas que alcançam os sacos alveolares é inferior à concentração do ar no ambiente de trabalho. Isto porque as vias aéreas contêm um revestimento espesso e pegajoso denominado muco. Pequenos pelos, conhecidos como cílios, presentes dentro das vias, constantemente conduzem este muco para cima, em direção à parte posterior da garganta. Em algumas situações, uma parte dos gases, vapores e névoas pode ser dissolvida neste muco, antes de alcançar os sacos alveolares.
Partículas visíveis, sólidas, encontradas em poeiras, fumos e fumaça que escaparam dos mecanismos de filtragem do nariz também podem ser retidas pelo muco. O muco é conduzido por pequenos cílios até que alcance a parte posterior da garganta a partir de onde é expelido através da boca, ou engolido e encaminhado ao estômago. Neste último caso, as substâncias químicas contaminantes entrarão no organismo da mesma forma que a comida ou bebida contaminada. Este assunto será abordado em mais detalhes na seção referente ao sistema digestivo.
Partículas muito pequenas (tão pequenas que não podem ser vistas a olho nu) podem não ser bloqueadas pelo muco na traquéia e nos tubos bronquiais. Elas passam por várias ramificações das vias aéreas e eventualmente alcançam os alvéolos. Partículas sólidas que não atravessam a fina parede dos sacos podem se alojar e permanecer onde estão. Algumas podem se dissolver, outras podem ser atacadas e destruídas pelos fagócitos do sistema de defesa do organismo. Outras podem ser muito grandes ou muito insolúveis para serem descartadas desta maneira, e simplesmente ficam nos sacos aéreos. Algumas destas partículas, se presentes apenas em pequenas quantidades, aparentemente não causam dano. Outros tipos de poeira podem danificar as paredes alveolares. O dano pode ser
permanente e pode provocar cicatrizes, que eventualmente interferem na habilidade do pulmão em fornecer oxigênio para a corrente sanguínea.
Algumas substâncias químicas ácidas, cáusticas ou orgânicas, quando inaladas em quantidades consideráveis, podem causar graves e irreparáveis “queimaduras” à boca, nariz, traquéia, brônquios e pulmões.
Quais são alguns exemplos de substâncias químicas que podem ser inaladas?

Gases e Vapores
As substâncias químicas do ambiente de trabalho podem entrar na atmosfera de várias maneiras. A simples evaporação é provavelmente a maneira mais comum. Solventes orgânicos, tais como o tolueno, a metil etil cetona ( MEK), ou os álcoois, geralmente evaporam mais rapidamente que água, ácidos e cáusticas, embora não seja sempre assim. A evaporação produz vapores. Os vapores são formados por substâncias que existem como sólidos ou líquidos sob condições normais de temperatura e pressão. Substâncias que não existem como sólidos ou líquidos sob condições normais de temperatura e pressão são denominadas gases. Gases, assim como os vapores, podem contaminar a atmosfera do local de trabalho.

Névoas
Em algumas situações, um processo industrial pode produzir gotículas que são capazes de flutuar no ar. Estas gotículas são denominadas névoas. Névoas são formadas por gases que se condensam em gotículas no ar. De maneira alternativa, as névoas podem se formar pela quebra, respingos ou atomização de um líquido. Exemplos incluem: névoas ácidas provenientes da eletrodeposição, névoas de óleo provenientes de operações de cortes e moagem, ou névoas de spray de tintas provenientes de trabalhos de pintura.

Poeiras, fumos e fumaça
Outros processos que ocorram em locais de trabalho podem produzir pequenas partículas sólidas que são suficientemente leves para flutuar no ar. Estas substâncias são denominadas poeiras, fumos e fumaça. Poeiras são partículas sólidas, freqüentemente produzidas por alguma atividade mecânica ou abrasiva. Normalmente, elas são suficientemente pesadas para se depositar lentamente sobre o solo. Fumos são partículas sólidas bem pequenas que podem permanecer suspensas no ar e que são formadas quando um metal aquecido evapora e se condensa novamente, retornando à forma sólida. Isto ocorre em operações de soldagem. Fumaça é o carbono ou fuligem proveniente da combustão. As partículas de fumaça podem se depositar ou permanecer suspensas no ar dependendo de seu tamanho.

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