terça-feira, 8 de dezembro de 2009

DORT

Quais são os fatores de risco dos Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT)?
Os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) estão associados com os seguintes fatores:
•postura e movimentos usados durante o trabalho,
•repetição e ritmo do trabalho,
•força usada nos movimentos,
•vibração, e
•temperatura.
Algumas características do local de trabalho, como, por exemplo, a disposição da área de trabalho, a velocidade de realização do trabalho (especialmente em tarefas orientadas para a prestação de serviços ou entrega de produtos) e o peso dos objetos que são manuseados influenciam nesses fatores.
Por que a postura e os movimentos representam um risco de desenvolvimento dos DORT?
Qualquer posição do corpo pode causar desconforto e fadiga se for mantida por longos períodos de tempo. Ficar de pé, por exemplo, é uma postura natural do corpo e, isoladamente, não representa nenhum dano específico à saúde. Entretanto, trabalhar de pé, durante longos períodos de tempo, pode provocar dor e cansaço nos pés, fadiga muscular geral e dor lombar. Além disso, a disposição inadequada de áreas de trabalho e algumas tarefas podem obrigar os funcionários a adotarem posições em pé que não são naturais ao corpo.
Há dois aspectos das posições corporais que podem contribuir para lesões. A primeira está relacionada à posição do corpo. Por exemplo, trabalhar com o tronco curvado para frente, para trás ou retorcido poderá colocar tensão demais sobre a lombar. Outros exemplos de posições incluem estender-se acima da altura dos ombros, girar os braços, e dobrar o punho para frente, para trás ou de lado a lado.
Quando as partes do corpo estão próximas dos limites do alcance de seus movimentos, ocorre estiramento e compressão dos nervos e tendões. Quanto mais se usar ou permanecer em uma posição fixa ou inadequada, maior a probabilidade de se desenvolver o DORT.
A segunda condição que contribui para o DORT é manter o pescoço e os ombros numa posição fixa. Para realizar qualquer movimento controlado do braço, os músculos dos ombros e do pescoço se contraem e permanecem contraídos durante o tempo necessário para a realização da tarefa.
Os músculos contraídos comprimem os vasos sanguíneos, o que restringe o fluxo de sangue até os músculos de trabalho das mãos.
Entretanto, é neste momento que se precisa mais do sangue por causa do esforço muscular intenso. Como resultado, ocorrem duas coisas. Os músculos do pescoço/ombros ficam excessivamente cansados, apesar de haver nenhum, ou quase nenhum movimento na região. Ao mesmo tempo, o fornecimento reduzido de sangue para o resto do braço acelera a fadiga dos músculos que estão sendo movimentados, tornando-os mais suscetíveis a lesões.

Como a repetição e o ritmo do trabalho influenciam nos DORT?
Movimentos repetitivos são especialmente perigosos quando envolvem as mesmas articulações e grupos de músculo repetidas vezes e quando realizamos o mesmo movimento com muita freqüência, muito rápido e por períodos de tempo longos demais.
Para analisar o quão repetitiva é uma tarefa, é necessário descrevê-la em termos de passos ou ciclos. Por exemplo, a operação de empacotamento de garrafas (Figura 6) exige que os funcionários empacotem caixas com vinte-e-quatro garrafas.
Um ciclo pode ser descrito assim:
•estender-se para alcançar as garrafas
•pegar as garrafas
•movimentar/levar as garrafas até a caixa
•colocar as garrafas na caixa
Se um trabalhador pegar quatro garrafas por vez, o mesmo ciclo teria que ser repetido seis vezes para encher uma caixa. Supondo que um ciclo leve dois segundos para ser realizado, levaria doze segundos para empacotar uma caixa com vinte-e-quatro garrafas.
Não existem regras para qualificar os movimentos como muito ou pouco repetitivos. Alguns pesquisadores classificam uma tarefa como “muito repetitiva” se o tempo necessário para completá-la for menos de 30 segundos, ou “pouco repetitiva” se a realização da tarefa exigir mais de 30 segundos. Apesar de ninguém saber realmente em que ponto o DORT pode se desenvolver, os funcionários que realizam tarefas repetitivas correm riscos de desenvolver o DORT.
Os trabalhos que envolvem movimentos repetidos, um atrás do outro, são muito cansativos porque a pessoa não consegue se recuperar completamente nos pequenos intervalos de tempo entre os movimentos. Eventualmente, realizar os mesmos movimentos repetidos acaba exigindo maior esforço. Quando a atividade é continuada, apesar da fadiga, podem ocorrer lesões.

O que é importante saber sobre a força dos movimentos?
A força é a quantidade de esforço que nossos corpos precisam fazer para erguer objetos, usar ferramentas ou se movimentar. A quantidade de força que nós usamos para realizar uma tarefa depende de diversos fatores, como o peso dos objetos e sua posição em relação ao corpo. É preciso mais esforço para erguer e carregar uma caixa com os braços esticados e mantendo o objeto longe do corpo ou para erguer os mesmos objetos numa posição de “beliscão” do que numa posição de “gancho”.
Uma força de mais de quatro quilosé considerada significativa. Essa é a força necessária para martelar um prego, por exemplo. Apesar de ninguém saber quando os DORT iráãose desenvolver, os trabalhadores que realizam movimentos de força estão correndo riscos. Os trabalhos que envolvem movimentos de força são muito cansativos porque não há tempo para o corpo se recuperar completamente entre os movimentos. Mais cedo ou mais tarde, a realização da mesma tarefa acaba exigindo esforço. Quando a atividade é continuada, apesar do desenvolvimento de fadiga, podem ocorrer lesões.

Como a vibração promove os DORT?
A vibração afeta os tendões, músculos, articulações e nervos. Os trabalhadores podem ser expostos a vibrações do corpo todo ou vibrações localizadas. A vibração do corpo todo é aquela a que os motoristas de caminhão e ônibus são expostos, por exemplo. A exposição à vibração localizada pode ser causada por ferramentas motoras. Além disso, a pessoa pode precisar usar mais força e posições inadequadas, pois as ferramentas manuais que vibram são mais difíceis de se controlar.
A exposição à vibração demais também pode levar à perda do sentido nas mãos e nos braços. Como resultado disso, é possível se julgar mal a quantidade de força necessária para controlar a ferramenta e colocar força demais, o que aumenta a fadiga.

Como a temperatura afeta os DORT?
Em geral, quando está muito frio, ou quando pegamos em materiais gelados, nossas mãos ficam paralisadas. Com as mãos entorpecidas, maior a probabilidade de se julgar mal a quantidade de força necessária para realização da tarefa, conseqüentemente usando força demais. Um ambiente frio também faz com que o corpo fique menos flexível. Assim, todo o movimento e toda a posição mantida exige mais esforço, levando a maior probabilidade de desenvolvimento dos DORT.
Não existe conhecimento suficiente na literatura que permita estabelecer uma ligação entre o calor e os DORT.

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